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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Um dia, quem sabe?

Hoje eu queria pedir desculpas pela minha ignorância. Pedir desculpas talvez a mim mesma, pois as pessoas que deveriam ler isso provavelmente não o lerão. Pedir desculpas por, quando por ignorância do afeto, eu dei chutes ao invés de sorrir, ou, quando por ignorância de uma consciência crítica e política ou vítima de um nacionalismo tosco que rivaliza com países hermanos, chamei o espanhol de "língua feia". Pedir desculpas por quando eu era tão ignorante que não entendia a noção de "mapa". Sim, mapa. Não entendia como o espaço físico que ocupamos podia estar representado por aquelas linhas envolvendo pedaços coloridos de papel, talvez fosse difícil para mim porque o nosso mundo é em 3D e o mapa em 2D, e o Brasil nunca é rosa bebê ou amarelo pálido como aparece nos mapas. (Provavelmente eu não entendia a própria ideia de representação. É preciso respeitar a capacidade cognitiva de cada faixa etária também, e então eu era muito nova. É preciso nos perdoar por quando não tínhamos capacidade cognitiva suficiente para entender as coisas óbvias). Eu queria pedir desculpas a mim mesma porque não sabia viver (e talvez ainda não saiba) e pedir desculpas ao mundo por não saber que lugar ocupar nele.

Eu queria pedir desculpas e dizer que eu um dia talvez aprenda e apreenda, e que eu sou burra mesmo, meu "pensamento esbarra logo com a testa", sempre, mas, se for possível, eu vou descascando minha burrice junto com a pele, aos poucos, e talvez eu aprenda até que para isso não é preciso eu me esfolar na parede, já que a gente se descama mesmo, diariamente, naturalmente, na cama, na mesa e no banho, derramando células ao esfregar os dedos nas cédulas inevitáveis do dia-a-dia.

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