NOS BECOS DA WEB...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Pessoas,

       eu quis, pediram que não, eu resisti. Mas acontece que o Universo Visceral já deu até a última gota de sangue.

       Quem quiser conhecer meu novo trabalho, fique à vontade:



                       

segunda-feira, 16 de abril de 2012

É primavera e tudo cheira a morangos silvestres, que têm mil olhinhos cítricos na essência de sua infrutescência e comem humanos com açúcar. O açúcar fica manchado de vermelho e é crocante e suja as veias arteriais formando crostas em suas paredes que atrapalham a circulação do sangue. O açúcar nos come com a insaciabilidade dos cristais cheios de sumo calcário. O açúcar é aéreo mas fixa no caule das plantas as cinzas remanescentes das fogueiras promíscuas e arejadas pelo isopor mais nobre que a galáxia litorânea situada na Faixa de Gaza, embora chocolates intrusos povoem nosso estômago derretendo-se marrons e salpiquem de tesouros as esmeraldas farfalhantes.
A fria indiferença do açúcar produz seres humanos alérgicos ao mais alto grau de isopor.

domingo, 1 de abril de 2012

Só isso

Estava tudo bem, mas a linha recrudesceu e tudo degringolou. Tudo é quando as faíscas não se contêm em si e saem pipoqueando pelos quatro ventos. A rosa é multifacetada mas suas pétalas se retorcem todas ao menor contato com o ar, que é um artefato tecnológico portátil que se desdobra em microátomos e poreja a insaciabilidade atmosférica ao menor contato com a superfície gelatinosa das manhãs saturadas de cálices do mais fino cristal que tilinta feito uma rosa, mas os espinhos pontiagudos ferem aquela lâmina borrachenta das bexigas de soprar, e aí é aquele estouro estrondoso do vácuo incontido e mudo, e o muro descasca sua tinta rezando para não rachar, mas o tubérculo brota contra todas as expectativas, desdizendo estatísticas minuciosas tecidas nos laboratórios secretos que fabricam nuvens.

Era uma vez uma besta quadrada que se arredondava nas pontas, mas esfericamente tecia-se em semicírculos improváveis de tanto teor, vaporizando-se concretamente ao encaracolar os cadarços em espirais que vão descendo milimetricamente até o cerne de magma com malte, mas a seiva só se dá quando o cosmo se retrai introspectivamente até se condensar todo numa bolha improvável de tanto suco, e aí vai espirrando aqueles ventos infrutíferos cheios de paisagens encarceradas como miolos fervidos no ventre da terra aguada e barrenta dos minerais idosos de tantos sais incrustados e vai saciando as folhas milimétricas com esponjas embutidas.

sábado, 31 de março de 2012

estava de estômago vazio e tomei uma coca-cola cloaca. tomara que a bosta-cola corroa a bosta desse estômago logo! também estou fumando um cigarro atrás do outro! quero mais é sair da bosta desse inferno desse mundo idiota logo, nem que seja com um câncer de pulmão, com um câncer seja lá onde for a puta que pariu do órgão onde essa porra vai dar, mas que seja breve, por favor.

Venha, câncer, venha. 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Otimismo infundado

Dia 21 de janeiro o blogue Mingau de aço publicou um texto de Washington Araújo chamado A mídia e o complexo de Carolina. Dentre outras coisas, é dito no texto: "A verdade é que não temos nenhum brasileiro se imolando na Cinelândia carioca nem na Praça da Sé paulistana, muito menos na mineira Afonso Pena ou nas imediações do Pelourinho baiano. E não temos por vários motivos. Dentre estes podemos citar o fato de que desde 2004 o premonitório slogan “Orgulho de ser brasileiro” deixou de ser mero reclame institucional do governo federal para ser sentimento vivo, pulsação corrente no corpo do país. A Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, as descobertas de vastas extensões de lençóis petrolíferos na camada do pré-sal, o Brasil já ser “a terceira maior economia europeia”, atrás apenas da Alemanha e da França." e mais:  "Por que ocupar a Bolsa de São Paulo ou o Banco Central em Brasília se nossa economia, ao invés de gerar desemprego em massa, inflação apontando no horizonte e estagnação e colapso financeiro iminentes, encontra-se – nas palavras de nossos filhos – “bombando” e com viés de alta?".


Pois bem, nossa economia está "bombando" - ou, para usar dialeto capixaba, "pocando" - para quem? Para os grandes empresários e políticos, não é mesmo? Os brasileiros continuam se imolando, sim, em seus respectivos trabalhos, pois o mercado de trabalho continua cruel, principalmente para as mulheres - e é mera coincidência que amanhã seja dia 8 de março, pois nossa luta não é a luta de um dia ou de um mês, mas de todos os dias de todos os anos - num ambiente ainda excessivamente patriarcal.


Agora - e posso dizer pois sou testemunha ocular de tal fato - uma funcionária que lida com o público e é agredida verbalmente no ambiente de trabalho não tem ao menos o direito de chorar. Temos que ser "fortes", vestir uma armadura no ambiente de trabalho e jamais demonstrarmos que somos seres humanos. Afinal, não somos mesmo, somos máquinas, não é?


Pobres homens, que são educados para não chorar! Mas as mulheres não se submetem a se impor o mesmo tipo de crueldade a si mesmas. Pobres homens, que não compreendem a grandeza das mulheres de terem a capacidade de se recomporem derramando lágrimas - e ainda são vistas como "fracas" por causa disso!


Esse - a desumanização a que somos submetidos no ambiente de trabalho, tendo que nos sentir "a empresa" quando o público nos dirige uma ofensa - é apenas um dos aspectos cruéis do mercado de trabalho.


O texto de Washington Araújo é totalmente infundado, não temos motivos para achar que estamos no "país das maravilhas".


Não acho - não vou tão longe! - que o Mingau de aço (ao publicar um texto como o de Washington Araújo) na verdade esteja do lado de quem demonstra atacar - prefiro não acreditar nisso! Prefiro acreditar que nosso raciocínio às vezes nos conduz a armadilhas inerentes ao próprio raciocínio, mesmo o raciocínio daqueles que acham que estão sendo "libertários".


Mas, olha lá, gente, vamos ver o que realmente estamos defendendo! Vamos definir nossas posições.



sexta-feira, 2 de março de 2012

A vingança macabaica

Vamos embaralhar as cartas
Porque já não há mais nada
que eu possa fazer
E nessa cilada
de cinco lados
eu jogo os dados
usando os dedos:
o segredo é não ter medo
porque o amanhã
é produzido pela própria força
de evitar a forca.

Mas do gelo nascem focas
que fazem pose pras  fotos:
eu já não preciso de vocês
e do labirinto que vocês teceram com mil fios
para me emaranhar.

Então fica assim:
eu construo o meu amanhã.
Eu sou dona do meu mundo
E vocês continuam fingindo pra vocês mesmos
que são donos de todos os fundos.

Continuem enganando quem
ainda não achou a saída desse labirinto sórdido.
Porque eu conheci a Ariadne
a imprevisível Ariadne redentora
e mais vale o pássaro voar
que ser abocanhado pela mão.

Eu construo o meu próprio caminho
não vendo minha força para fins vis:
o olho, ao secretar a remela,
constrói sua própria janela
e quando não há portas
saímos pela janela mesmo
porque não haveria janelas
se não houvesse paredes
e o peixe esperto
não se deixa captar pela rede.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tá bom, eu nem estou sendo perseguida por causa de tudo o que já falei na internet - e disse tão pouco! -, dando a minha cara pra bater: é mera suposição de uma conspiratória.
Pois eu me rendo: o capitalismo é a coisa mais fofa que eu já vi, eu que sou uma pessoa suja e ordinária, uma "rebelde sem causa", se é que existe algo sem causa nesse mundo...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

...

Sobreviver dentro da luta possível.
Meu esforço agora já não é embrulhar a vida em papel laminado, quero a vida desembrulhada, por mais que isso me embrulhe o estômago.

Cuidado ao desembrulhar os presentes pois dentro da caixa pode haver uma surpresa desagradável.

Eu sonhei com uma caixa embrulhada com um papel azul cheio de estrelas brancas, mas agora eu quero a caixa vazia, o avesso da caixa, o oco da caixa, pois o conteúdo oco é o oconteúdo supremo das vísceras lisas de tão calmas, as vísceras não mais vão e voltam nem ziguezagueam, estão em linha reta e abrigam o mais vasto dos universos pontiagudos, o cocôsmo que desliza dentro desses canudos possíveis...

A via láctea não é mais a única via, pois pode haver a via áqua, a via veia, a via vida, a vida verso, a vida vã.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Pirraça

Tem acontecido uma coisa engraçada. Já faz algum tempo em que tenho tido certa facilidade de interpretar meus sonhos. Então, meu inconsciente, que é autônomo como todo inconsciente, parece que resolveu se defender dessa minha facilidade para interpretá-lo ultracomplicando meus sonhos, produzindo coisas cada vez mais estranhas, as quais eu nem ousaria chamar surreais, pois parecem extrapolar o próprio surrealismo, embora eu saiba que o arrealismo não seja possível, já que não se pode desprender totalmente do real. Afinal, nem o niilismo é arreal, mas meus sonhos não são niilistas, acho que são mera defesa infantil de um inconsciente pirracento que não aceita perder no pique-esconde, que está totalmente indefeso já que eu achei a chave dessa brincadeirinha estúpida de detetive.