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terça-feira, 1 de julho de 2008

Ambíguo Ernesto

Ele tinha dois nomes, duas casas, duas namoradas: uma morava na mesma cidade que ele, a outra vivia longe e eles se viam pouco, comunicavam-se mais por cartas. Ele teve duas mães: uma que o pariu e outra que o criou. Tinha dois carros: um para ir trabalhar e outro para os finais de semana: tudo em sua vida era duplo, inclusive seu queixo. Talvez não fosse à toa que tivesse duas narinas. Na prova que fez para conseguir o emprego, passou em segundo lugar: eram duas vagas. Morava num apartamento de dois quartos no segundo andar do Bloco II do prédio D. Pedro II. Teve cálculo renal nos dois rins. Geralmente no almoço devorava uma dupla caipira: angu e torresmo. Morreu duas vezes: teve parada respiratória e o médico o ressuscitou, mas em vão: ele não resistiu. Pensaram em comprar dois caixões para o seu funeral, mas desistiram: ele tinha duas contas em dois bancos distintos, mas deixara dois filhos para serem sustentados.