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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sem

eu visualizei uma esperança tão falsa
e achei que já fosse a estrada da felicidade
uma estrada com flores nas margens...
mas era só mais uma das armadilhas da vida

Até hoje eu ainda não aprendi
que raios de sol não chegam
ao calabouço
e que minha sina é conviver com os ratos do esgoto
roendo a minha alma que é de um tecido frágil
e fácil de ser roído

meus ii nunca terão pingo
meus cordões nunca terão pingente
sou sortuda como os mendigos
minha sina é ser indigente

e cada passo em falso
me leva mais rápido
para o fundo do poço

e cada gruta funda
me rejeita de seu possível abrigo

e congelo sem aconchego
nua na geada
sem nem o caroço
da azeitona da empada
sem nem o resto do almoço
sem nem os farelos da mesa
sem nem um trapo pra me cobrir
e sem arco-íris pra colorir
esse dia cinza...

Um comentário:

Artes e escritas disse...

Um poema triste, onde não existe a esperança, nada resiste. Um abraço, Yayá.