E a gente percebe os vícios, e a gente percebe os erros, e a gente se acabrunha, e a gente se desalinha, e a gente perde a linha, e a gente morde a isca e é fisgado, morrendo pela boca pra não morrer afogado. A todo instante os poros estão de boca aberta, querendo engolir o ar e secretar o suor, e o néctar se espalha feito um espelho caudaloso que carrega os troncos das árvores pra muito longe, pra um futuro obeso de novidades, pra um gesto outro que não encontra, pra derramar faíscas foscas feito ferrugem, farfalhando folhas furadas. O litro é o metro líquido, e o vapor evola de repente, e o voo estanca a represa, e a represália suspende o efeito, e o rio dorme em seu leito, e o leite brota das tetas do inseto ovíparo como os bodes selvagens. Seladas estão as cartas encerradas nas gavetas do caixa-forte, e a sorte é que elas nunca serão lidas, senão minhas memórias seriam traídas como os cadáveres infrutíferos que são roídos célula a célula, encerrando em sua carne o azeite doce para deleite dos vermes gulosos e ávidos, vivos e esquálidos e dançando a quadrilha e gritando: "olha a chuva!", e soltando foguetes e comendo pipocas e bebendo quentão pra ajudar a empurrar goela abaixo aquela carne podre que eles devoram, porque senão ninguém aguenta, né?
Nenhum comentário:
Postar um comentário