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quinta-feira, 10 de março de 2011

Pó ético

Rói minhas vísceras
um verme chamado vazio.
O inverno dói em cada galho seco
fazendo a ovelha tremer de frio.

O deus grego,
sonâmbulo como todos os deuses,
venera o humano africano,
ruminando sua zombaria
entredentes
E o capeta,
com seu tridente,
espeta as nádegas rechonchudas
de um  anjo barroco
esculpido em carne
e escarrado em gesso
soprando um gás etéreo e
explodindo em hélio
feito uma bomba
bochechuda e convexa
do espelho retroflexo.

Da janela jorra feixes
freneticamente
feito uma ampulheta de luz
que escorresse ávida.

A santa copula grávida
para parir um
feto concreto
e limpar os excrementos
dos gélidos abismos.

O abalo sísmico
embala a bala de iogurte
e deixa os tijolos moles
fazendo desmoronar
cada etapa de cal:
a ala gótica
a igreja eclética
a freira esquelética
e tudo é pó.

2 comentários:

Tiago de Paula disse...

meu deus

Coral disse...

meu deus, mesmo! foi só eu falar em abalo sísmico no dia 10 q no dia 11 aconteceu aquilo no Japão! e ano passado falei no dia 4 de abril em "ondas marrons" e logo depois teve uma enchente feia no Rio. Talvez eu deva ter mais cuidado com minhas palavras... se bem que eu não deva ser culpada por aquilo que a Terra vinha preparando em suas entranhas...