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quarta-feira, 9 de março de 2011

As cordas do coração

Eu tenho uma relação de amor e ódio com o mundo e com todo mundo que vive no mundo. Eu sempre acabo machucando as pessoas de quem eu gosto muito. Como se a agressão fosse uma prova da minha afeição. E com o mundo e a vida, além do amor e do ódio, tem o tédio existencial. E uma náusea que vai desde o dedão do pé até as pontas dos fios do meu cabelo. É muito difícil ser intensa e visceral. Num segundo eu posso estragar tudo. Estragar uma relação para sempre. Se a gente pudesse dar corda pra trás no relógio da vida... mas eu quase sinto que faria do mesmo jeito. Do mesmo jeito estragado. Como se a vida fosse um bolo embolorado que temos diante de nós na mesa e somos obrigados a digerir, diante de todos os comensais, e não podemos nem fazer cara feia e temos que fingir que é gostoso. As cordas do coração estão bambas depois de se distenderem até o último nível de tensão. O elástico é um fio inerte depois de dele ter sido extraído a música estridente e dissonante.

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