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sábado, 5 de março de 2011

Tum-tum-tumba

Lá fora a rua está em flocos
Só eu não estou em bloco
Até a gelatina se dispersou em cubos contíguos
E para não dizer que não tenho amigos
te estendo a mão:
e dou com a cara no chão.

O suor de todas as peles
forma uma superfície única.
A sandália está gasta
e a multidão se arrasta
obedecendo ao compasso

E a fricção é nula
A rua aberta é a jaula
e ninguém quer lembrar
que depois da folia tem aula.

O arlequim salta e pula.
A bailarina se anula.
O mequetrefe faz firula.
A purpurina tatua

a tua e a minha pele
a pele do mundo
e o chão

A serpentina escorre em caldos
e escuta o ritmo:
cada metro de samba
é para esquecer
que tudo se acaba em tumba.

Um comentário:

Luis Eustáquio Soares disse...

extraordinário poema, visceral helena: é para esquecer, por isso vivemos, para esquecer de tudo que nos mata, nos ata, inclusive dóceis cranavalescos corpos domáveis.
beijos
de la mancha