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terça-feira, 27 de julho de 2010

o cogito da colônia

o bico como uma boca córnea
o bico que bica o mesmo alimento que a boca
minhoca é proteína
e dizem que na Itália
os humanos comem pizza de minhoca
os pássaros comem o resto de pão
que a boca humana rejeita
e assim o mesmo alimento
é untado por diferentes salivas
diferentes bocas como superfícies
absorvendo o mesmo alimento
aderindo o mesmo mundo

quando ingerimos o alimento
acrescido da nossa própria ptialina,
isso é uma forma de autofagia:
comemo-nos a nós próprios:
nossas próprias enzimas
nosso autossuco.
somos uma colônia de vermes e bactérias e cromossomos
e por ilusão
nos imaginamos unos
na nossa ignorância ingênua

a nossa mente é uma ficção
o surrealismo de
uma multiplicidade de seres.

nossa imaginação é um poema ao avesso
escrito / cuspido pelas nossas células
revolucionárias.

3 comentários:

J.M. de Castro disse...

Caralho!! Amei!!! Amei mesmo!!!
E, pelo que disse no email, dá para ver como existe o salto feito pela poesia que ultrapassa...metafísica poética? hehe

Não sei se já te disse isso...mas a sonoridade da poesia é incrível...gostaria de ouvir você recitando a sua própria poesia...um pouco de autofagia poética...hehe

Beijos
Excelente!
Excelentes
beijos!

Luis Eustáquio Soares disse...

helênica helena, esse seu lado augusto dos anjos é mesmo mais e menos que o poeta que disse que o urubu posou na nossa sorte; é mais visceral, nem morto e nem vivo; é mais politicamente incorreto...
meus parabéns..
e que sujeito é esse que tá te paquerando?
b
luis de la mancha

B positivo disse...

muito bacana !! parabéns ...