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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Vamos queimar sutiã
na praça Barreto amanhã
às onze horas da manhã.
Vai até chover rã
E o prefeito dirá: "anrrrram,
vamos internar essas loucas no bosque
pra elas criarem esquilos
e quebrarem as nozes.",
Esquecendo-se de que noz não dá no Brasil
Ou ele vai nos dar um barril
dessas frutas-vozes,
fruto de um futuro infrutífero
Porque a utopia remete
a futuros remotos
sem carro e sem motos
sem sal e sem fotos
sem violência e cem pétalas
sem a mídia golpista e com arroto
que não será de bosta-cola
Mas de verduras estarão cheias as sacolas
e o ventre cheio de vento fedorento
Porque o que é corriqueiro
no ser humano
convém preservar
a não ser os
hábitos trambiqueiros
e os hálitos com mal cheiros
ao jeito dos bueiros
que só entopem
para desentorpecer
os torpedos anti-mísseis
que friccionam-se nas pólvoras amargas
para explodir faíscas
e estudar as leis da física
ensinadas pela professora tísica
que tinha alergia a tinta acrílica

2 comentários:

Raíssa Soares disse...

Hahahaha, muito bom! Obrigada por sempre estar no meu blog. Beijos!

luiz gustavo disse...

realengo - a vida real -
( a pátria a(r)mada até os dentes )




a desmesura da pátria
é o pranto desvairado
do seu povo

sem prato nem comida
interpreta a própria
diáspora

o protesto plangente
estampa e referenda
os imprudentes - peregrinos -

não para o esplendor
dos abantesmas já transcritos
em reticulados relâmpagos

nem um po(l)vo retorcido
entre névoas de incêndios

mas o cenário mais profundo
desta perversa
vida

contra a bruteza
entre purpurinas senescentes
esplêndidas violetas plásticas

e agora sob um templo
entre os muros de lástimas
- cadáveres mínimos

recordo tantos outros
samurais carcomidos
de outrora

por um olhar insinuante
que desvela outra glória
atiça sua fúria espessa
sobre as cabeças - puríssimas -

enquanto lá fora a vida
desta pátria irreal chora
por todos os poros

no recinto que era branco
agora escarlate líquido
estão em silêncio os últimos
- infantes urbanos

somos todos
porcos-espinhos a devorar
a vida por entre os dentes

eu vi o mármore cinza
enegrecer de dor
(n)estes versos vivos

em que semeio estrelas
para que o horizonte
não seja causa perdida