(Oswald de Andrade)
Sempre discordei do Oswald (que, na verdade, talvez tenha sido justamente irônico). Sempre achei que fomos catequizados, sim - e infelizmente.
Mas será que é "infelizmente", mesmo?
Sempre considerei o fato de termos sido, sim, catequizados, "infeliz", por várias razões. Por exemplo, hoje temos uma legião de evangélicos fundamentalistas que pregam que é errado abortar. E porquê eles estariam errados? Porque seria certo abortar? É óbvio que concordo que em situações-limite, como estupro ou risco de vida da mãe ou do bebê, o aborto é interessante, embora algumas pessoas, como os kardecistas, sejam contra o aborto mesmo nesses casos.
O próprio Dawkins diz que a ciência não pode ter dogmas. Então pregar o aborto como não sendo um crime não seria um dogma? Talvez não possamos ter opiniões sempre prontas, como um Procusto que já tivesse uma fôrma prévia para encaixar as situações, e devamos ser sempre relativos. Ponderar sempre, em cada caso.
Mas também fomos catequizados "infelizmente" por cultivarmos culpas como as sexuais, o que talvez seja a origem de aberrações como a pedofilia. Independente de ser ou não a origem de aberrações (e provavelmente o é), não é legal sentirmos culpa por algo que é natural no ser humano e deveria ser a fonte de prazeres, estes sim, redentores frente a tantas adversidades em nossas vidas.
Poderia alencar inúmeras outras situações para definir como "infeliz" esse catecismo. O fato da religião ter uma atitude retrógrada perante a ciência, por exemplo. Mas não seria essa atitude retrógrada necessária para questionarmos certos valores éticos?
É como eu sempre digo, em relação a várias coisas: precisamos da tese e da antítese, para delas extrair a síntese...
2 comentários:
li o poema que vc me indicou. é lindo, voraz, fermental, fenomenal.
b
l
quanto ao catecismo, é sempre infeliz, não? e mais ainda se não o for.
sim, "catecismo infeliz" é pleonasmo...
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