Tudo o que havia de mais sincero em meus textos escritos foi bloqueado na minha ânsia de negar a autobiografia.
Mas um soneto que resume a minha vida sempre, mesmo tendo sido escrito há alguns anos e já postado em blog anterior, é esse:
Não tenho nada:
nenhuma qualidade e nenhum defeito.
Não sou amiga de ninguém:
nem do mendigo e nem do prefeito.
Não peço esmola a nenhum cidadão:
Pago o meu próprio preço
de viver num mundo cão,
como mereço.
Vivendo esta vida rude
em que quase nada pude
pergunto-me então:
Terá sorte o embrião?
Ou será que a mãe, que o embala,
também o ilude?
Não adianta fugir da autobiografia. É isso: a primeira estrofe foi escrita há quase 8 anos atrás, mas continuo não tendo nada nem ninguém (o restante do poema foi escrito mais recentemente).
Um comentário:
Meio que egoísmo de minha parte, mas, continuará escrevendo assim tendo alguém ao seu lado?
Quero continuar lendo Coral...
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