Era uma vez um rapaz chamado Yocablan. Yocablan era apaixonado por pêssegos. Mas sua mãe mantinha um pêssego dentro de uma redoma de vidro e o proibia de comê-lo. Yocablan comia os pêssegos comuns mas nunca o pêssego que ficava sob o vidro, pêssego que era mágico e não apodrecia nunca, e que tinha um sabor muito superior aos demais pêssegos. Um dia, quando Yocablan já tinha sessenta anos, sua mãe morreu. Mas mesmo após a morte de sua mãe, Yocablan não ousou tocar o pêssego encantado. Yocablan polia o vidro da redoma, admirava o pêssego, mas nunca teve o prazer de comê-lo, limitando-se aos reles pêssegos encontrados nas feiras e supermercados, incomparáveis ao extraordinário pêssego da redoma. Até que Yocablan morreu e o pêssego continuou sob o vidro. Mas a tradição fora passada a seu filho Eustáquio, que nem ligava tanto assim para pêssegos, mas respeitava a tradição da família de não profanar o pêssego sagrado. Eustáquio, porém, esqueceu de advertir seu filho Humberto, que quando tinha dezesseis anos, vasculhando o sótão de sua casa achou uma redoma empoeirada e foi verificar o que tinha embaixo dela, achou um pêssego aveludado e fluorescente, comeu-o e achou uma delícia, e verificou estupefato que do lugar de onde ele retirara o pêssego, nascera outro. Humberto apaixonou-se por pêssegos, que nunca tinha provado até então, e assim, sempre que tinha vontade de comê-los, ia até o sotão e os saboreava veementemente, pois na bandeja de madeira sob a redoma sempre nasciam novos pêssegos, assim que o "último" era comido.
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