NOS BECOS DA WEB...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Garimpar e reciclar

A internet é cheia de coisas bizarras, é o melhor ventilador para as inúmeras merdas (quem dera se fossem inocentes fezes...) que o ser humano é capaz de produzir. Já tentaram diferenciar o ser humano dos demais animais de várias formas, até através da racionalidade, mas talvez o principal traço de distinção seja o nível de babaquice que animal algum (fora o ser humano, é claro) é idiota o suficiente para produzir!

Saramago, quando se deparou com o máximo de 140 caracteres do Twitter, disse: "De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido." Talvez isso defina não só o Twitter, como toda a internet. Claro que a gente pode selecionar, há blogues e blogues. Mas a maioria é de uma superficialidade incrível. E, falando em superficialidade, nem preciso voltar a falar no Twitter, né?

Os blogues mesmo não permitem criatividade absoluta. Talvez textualmente, sim, mas ainda há a possibilidade de sermos censurados, como fizeram no You Tube: http://pizzariadopoder.blogspot.com/2011/01/censura-no-youtube.html. Enfim, nos blogues escolhemos dentre os tipos de edição, e os tipos já estão dados, é uma estrutura pronta e nossa única liberdade é optar por um desses "moldes". Não temos, por exemplo, a opção de escrever com letra cursiva (a letra que o caderno de caligrafia ensina a fazer, para quem não sabe). Pelo menos, que eu saiba, não há essa possibilidade. No Blogger, pelo menos.

Orkut, Facebook, qualquer rede de relacionamentos é a mesma coisa: já vem a estrutura pronta e você tem que se expressar dentro dessa estrutura pré-moldada. Escolher a cor do seu perfil é muito pouco, é só para fingir pro usuário que ele tem autonomia no processo!

Enfim, para exemplificar que ainda podemos encontrar coisas com qualidade na internet, conheci o blogue Mingau de aço. Esse é só um único exemplo. E talvez uma boa função do Twitter é que ele age só como uma "chamada" (à maneira de uma manchete) para textos mais profundos, indicando o link. O Twitter exige concisão e a arte da síntese é para poucos. Poucos sabem se expressar com concisão e de forma artística. Mas muita gente que posta lá não está pensando em arte, e sim em nos relatar fatos de sua banalidade cotidiana, como se sua vida fosse um "reality show" e estivéssemos interessadíssimos nela.

Enfim, como costumam dizer quanto aos sebos, na internet temos que "garimpar" para encontrar coisas boas. No meio de muito lixo a gente consegue encontrar preciosidades. E talvez também possamos reciclar o lixo e fazer a mágica de transformar o que não presta em algo no mínimo razoável, através de uma reflexão lúcida, por exemplo.

Um comentário:

Luis Eustáquio Soares disse...

a internet é profusão de multiplicidades e de banalidades, como a vida que tecemos no mundo. a questão nossa na vida, no mundo, e a nossa questão internética são uma e mesma coisa: potência pra escolhar, pra espalhar-nos, criativamente, criticamente.
não exixte, pois, diferença, até porque tudo é virtualidades.
texto extraordinário, intenso, como a autora
b
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