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domingo, 3 de outubro de 2010

O medo mórbido

eu vivo na Idade Média
quando o riso era proibido
e "eles" queimavam as bruxas.
então finjo o tempo todo
para mim e para os outros
que eu não sou uma bruxa.

e tomo muito cuidado
para nenhum riso escapar pela minha boca
nem nenhum feitiço irradiar de mim.

Então vivo sob o efeito do medo
que escorre feito um melado
por entre as paredes das artérias
(o medo, esse estranho modo
de modelar a fôrma)
e sob efeito do medo
todos não passam de cadáveres
e o corpo que carregamos é um túmulo de si mesmo
moendo a própria moenda
mofando toda a fazenda
que não dá morangos na colheita

olheiras violetas são minha maquiagem:
ainda bem que está na moda ser vampiro!

Um comentário:

J.M. de Castro disse...

Interessante as nossas naturezas. Elas se encontram no cinza. Repetindo-se. O que por hora se faz clarão me mim, em você é quase cavernoso. E que não se iludam: é sempre por hora que um é o clarão do outro. É sempre por hora que nos formamos pelo medo, é sempre por hora que abandonamos o medo. O meu post é um contraponto a este. Mas ambos estão unidos em linhas que só nós sabemos. Por isso, estamos sempre unidos. Para além do espaço e do tempo. É meu esse medo mórbido que nasce numa tarde chuvosa. É sua essa vontade de saúde nasce em cada denúncia da dor de exitir. São nossas as palavras que nos une. E por isso, o meu post não nascerá amanhã.Mas hoje. E vou colocar lá, agora, um pouco de medo mórbido. São nossas as palavras que nos une.