espirrar livro no vidro, vitrificar toda a minha lava, lavar o osso do almoço, correr toda ruína elefante, almoçar a soja do trigo, triturar a cor-de-rosa aldeia das tribos, que ela é tão ingênua e amarga, tão grávida de elefantes pretos e cozidos, tão novelo de fruta, tão pátria e mátria e elo dos rouxinóis, tão casa da gente, tão somente o que é e o que sorve de vida nutrida, tão sorvete de cotovelo, tão nó do ab-rupto, tão gasto de rua no elo da mátria de insônias algozes, capturando a nata disso que chamamos de arroz, de fruta, de rotas implumes e suficientes de tudo, do tanto, do encanto roído do cotidiano, o eco gelado do oco do gelo, da água esparramada dos compridos, dos veios eficazes dos lilases, da música viúva dos quentes, da agulha do nível breve, da rotina louca arranhada nos postes, do pranto acossado dos meninos de rua, do ávido tráfico de nunvens amarelas, para quê mesmo traficar nuvens amarelas? De tudo que é tanto e quase. De nunca. O gosto do nunca é mais alto que o do nada. Nadar cinco quilômetros e não chegar a lugar nenhum, nadar toda a vida para nada, para nunca, para sempre, para tanto, pra quê tanto? Pra que nadar tanto? Pra Nada. Pra Nada.
NOS BECOS DA WEB...
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
sábado, 19 de setembro de 2009
Perdi qualquer elo íntimo com minha vida. Ela é uma massa amorfa boiando sob uma placenta impermeável, massa que guarda um coração que bate, bate, bate-bate, pulsando catarros pegajosos e viscosos. Normal enquanto o pigarro resistir. A linfa do coração persiste na baba gosmenta do catarro do pulmão. Parar de fumar. O vício que tange o impalpável, polpa de milho do templo: o silêncio é oco igual a uma maçã.
Tá bom, atendendo a apelos, não abandonarei o Contrassenso, embora o Intrassumo tenha ficado com um layout incríver! Pretendo não abandonar o Intrassumo também. Ele é ainda um embrião, mas já o embalo com muito carinho no meu ventre! Por falar nisso, tem post novo lá.
domingo, 13 de setembro de 2009
Garota interrompida
É incrível, mas sempre que minha vida tem tudo pra dar certo, eu vou lá e chuto o balde!
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Ainda
Tenho ameaçado abandonar este humilde espaço, com sua única seguidora invicta, mas acabei de escrever algo e o lugar deste algo é aqui:
Talvez eu precise lembrar que eu sou humana como os outros. Não sei o que faço para merecer o meu próprio perdão. Perdão, essa palavra que está tão gasta hoje e que não é bem vista por alguns. Talvez faça sentido essa desconfiança. Afinal, o que significa um neonazista pedir desculpas a um judeu? Lembrando que o holocausto não redime os judeus de seus crimes. Crimes contra o gênero feminino (dizem os judeus em suas preces matinais: "Bendito seja Deus nosso Senhor e o Senhor de todos os mundos por não me ter feito mulher", ao que suas esposas respondem, resignadas: "Bendito seja o Senhor que me criou segundo a sua vontade". Que ofensa terrível é para um judeu ser mulher. Imaginem a que isso dá o direito de fazerem conosco? - e no cristianismo não é muito diferente, os cristãos amam suas esposas, desde que elas sejam "castas e dóceis"), voltando aos judeus: crimes contra os palestinos, mais outro punhado de crimes que cometeram e cometem.
Então talvez eu tenha que lembrar que, judeus ou neonazistas, palestinos ou mulheres, homens ou políticos, somos todos terráqueos, terráqueos odiando, esfaqueando e roubando uns aos outros. E, no meio desse lamaçal, somos todos "farinha do mesmo saco"! No final das contas, só fazemos o dinheiro circular e mudar de dono. Eis a nossa miséria!
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Intrassumo
Troca de pele, Contrassenso, seja o que isto for, cansei disto. Já é rotina eu trocar de blog sempre, e este já estava durando demais. Já tenho novo endereço, inaugurado com um meme que recebi da Lu Morena e que modifiquei um pouco, invertendo os papéis sugeridos tais como supus ter sido realmente como aconteceu na exposição que inspirou o meme. Também não segui outras regras.
O meu novo blog é o Intrassumo
O blog da Lu Morena, que foi quem me indicou o meme, é o Paracetamol
Obrigada a todos que me acompanharam.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Covardia
E o moço me olhou e viu nos meus olhos o fundo do mundo, o avesso da ferida sem casca vazando aquele sêmen limpo e ralo das feridas, um mundo sem dono, uma casa abandonada. Ele me olhou e naquele olhar me interrogava "quem é você?" e a resposta era o alguém atrás do alguém, o oco de todos os alguéns.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Estética suína
A personagem narradora do romance Porcarias, de Marie Darrieussecq, é a versão feminina de Gregor, dA metamorfose kafkiana. Uma das diferenças entre os dois personagens é que, além dela se transformar numa porca, a metamorfose dela é cíclica, vem e volta, ora ela é porca, ora humana, ora híbrida (fases de transição), ao invés de ser permanente como a de Gregor.
Vou transcrever parte do que está na orelha do livro, texto cuja autoria não é informada (talvez seja da tradutora Rosa Freire d'Aguiar, mas não é possível afirmá-lo): "Narrado num ritmo alucinante e bem-humorado, o livro é um escárnio ao puritanismo, ao culto do corpo e à obsessão pela saúde. Com sua fábula zoológica, Darrieussecq mostra que tudo aquilo que hoje chamamos de 'politicamente correto' apenas contribui para bestializar a sexualidade em nome da assepsia (transformando o desejo em perversão) e para coisificar o corpo em nome da estética (e de sua deturpação cosmética)." - providencial num tempo em que achamos shampoos custando mais de R$ 100,00
A leitura do romance flui fácil, com seu "ritmo alucinante", e sua prostituída protagonista, que é bolinada logo na sua primeira entrevista de emprego (que ela aceita!), nota no início do romance que sua pele está ficando mais elástica e mais rosada, o que inclusive excita seus parceiros.
Mas a situação vai se agravando cada vez mais e a personagem, num momento de aparência grotesca, vira modelo de uma campanha política cujo lema é "Por um mundo mais saudável", ilustrando a que ponto podem chegar os partidos políticos em suas respectivas publicidades, de escarnecer do povo (representado pela modelo) descaradamente (e de se explorar as moléstias da população, rentáveis moléstias).
E assim como é possível a identificação do leitor com Gregor (principalmente pela questão do emprego / desemprego), é possível a identificação principalmente pela leitora com a "Grande Porca", já que nossos hormônios nos submetem também a um processo cíclico (lembrando que há outros processos cíclicos vividos pelo ser humano, inclusive pelo homem) e nossa pele pode ficar mais rosada e mais elástica devido a uma alergia qualquer, enfrentamos o problema da depilação e não vemos outra saída a não ser nos empanturrar de cosméticos (aliás, virou obrigação ter cabelo liso?).
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