No meio do caminho tinha um embrião tinha um embrião no meio do caminho tinha um embrião no meio do caminho tinha um embrião. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha um embrião tinha um embrião no meio do caminho no meio do caminho tinha um embrião. |
NOS BECOS DA WEB...
sábado, 22 de janeiro de 2011
No meio do caminho
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Garimpar e reciclar
A internet é cheia de coisas bizarras, é o melhor ventilador para as inúmeras merdas (quem dera se fossem inocentes fezes...) que o ser humano é capaz de produzir. Já tentaram diferenciar o ser humano dos demais animais de várias formas, até através da racionalidade, mas talvez o principal traço de distinção seja o nível de babaquice que animal algum (fora o ser humano, é claro) é idiota o suficiente para produzir!
Saramago, quando se deparou com o máximo de 140 caracteres do Twitter, disse: "De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido." Talvez isso defina não só o Twitter, como toda a internet. Claro que a gente pode selecionar, há blogues e blogues. Mas a maioria é de uma superficialidade incrível. E, falando em superficialidade, nem preciso voltar a falar no Twitter, né?
Os blogues mesmo não permitem criatividade absoluta. Talvez textualmente, sim, mas ainda há a possibilidade de sermos censurados, como fizeram no You Tube: http://pizzariadopoder.blogspot.com/2011/01/censura-no-youtube.html. Enfim, nos blogues escolhemos dentre os tipos de edição, e os tipos já estão dados, é uma estrutura pronta e nossa única liberdade é optar por um desses "moldes". Não temos, por exemplo, a opção de escrever com letra cursiva (a letra que o caderno de caligrafia ensina a fazer, para quem não sabe). Pelo menos, que eu saiba, não há essa possibilidade. No Blogger, pelo menos.
Orkut, Facebook, qualquer rede de relacionamentos é a mesma coisa: já vem a estrutura pronta e você tem que se expressar dentro dessa estrutura pré-moldada. Escolher a cor do seu perfil é muito pouco, é só para fingir pro usuário que ele tem autonomia no processo!
Enfim, para exemplificar que ainda podemos encontrar coisas com qualidade na internet, conheci o blogue Mingau de aço. Esse é só um único exemplo. E talvez uma boa função do Twitter é que ele age só como uma "chamada" (à maneira de uma manchete) para textos mais profundos, indicando o link. O Twitter exige concisão e a arte da síntese é para poucos. Poucos sabem se expressar com concisão e de forma artística. Mas muita gente que posta lá não está pensando em arte, e sim em nos relatar fatos de sua banalidade cotidiana, como se sua vida fosse um "reality show" e estivéssemos interessadíssimos nela.
Enfim, como costumam dizer quanto aos sebos, na internet temos que "garimpar" para encontrar coisas boas. No meio de muito lixo a gente consegue encontrar preciosidades. E talvez também possamos reciclar o lixo e fazer a mágica de transformar o que não presta em algo no mínimo razoável, através de uma reflexão lúcida, por exemplo.
Orkut, Facebook, qualquer rede de relacionamentos é a mesma coisa: já vem a estrutura pronta e você tem que se expressar dentro dessa estrutura pré-moldada. Escolher a cor do seu perfil é muito pouco, é só para fingir pro usuário que ele tem autonomia no processo!
Enfim, para exemplificar que ainda podemos encontrar coisas com qualidade na internet, conheci o blogue Mingau de aço. Esse é só um único exemplo. E talvez uma boa função do Twitter é que ele age só como uma "chamada" (à maneira de uma manchete) para textos mais profundos, indicando o link. O Twitter exige concisão e a arte da síntese é para poucos. Poucos sabem se expressar com concisão e de forma artística. Mas muita gente que posta lá não está pensando em arte, e sim em nos relatar fatos de sua banalidade cotidiana, como se sua vida fosse um "reality show" e estivéssemos interessadíssimos nela.
Enfim, como costumam dizer quanto aos sebos, na internet temos que "garimpar" para encontrar coisas boas. No meio de muito lixo a gente consegue encontrar preciosidades. E talvez também possamos reciclar o lixo e fazer a mágica de transformar o que não presta em algo no mínimo razoável, através de uma reflexão lúcida, por exemplo.
domingo, 16 de janeiro de 2011
Saúde pública
Mariana Ximenes é mesmo uma linda atriz! De rosto. Aquela mulher, à beira-mar, se passar um vento, ela quebra ao meio como um galho seco, de tão magra. Nada contra a pobre da Mariana Ximenes, já disse que ela é bonita de rosto e acho até que ela trabalha bem, dentro dos limites impostos pela condição de atriz global. Dentro do possível e do que lhe é exigido, ela trabalha bem, tão bem que até encarna o padrão "tripa seca" pregado pela mídia, mídia que ao mesmo tempo é patrocinada por refrigerantes e chocolates calóricos, ou seja, que de um lado exalta os prazeres obtidos através de nossas papilas gustativas, com uma dieta altamente calórica e muito pouco nutritiva (vide as receitas propagadas pela mesma emissora que emprega Mariana Ximenes: http://www.receitas.com/receitas?f=tiposPrato&tiposPrato=Doces+e+Sobremesas) e do outro, do outro lado, prega que devemos ter uma cintura de 10 centímetros de diâmetro. Obviamente que seu objetivo é gerar pessoas frustradas, além de consumidores desesperados tanto de clínicas de estética e revistas que prometem emagrecimentos miraculosos (e de toda a indústria que atrizes como Mariana Ximenes geram) quanto da indústria alimentícia também (obviamente que ninguém sobrevive sem se alimentar, mas é difícil alguém divulgar o poder nutritivo das verduras, a não ser uma ou outra revista que também não se salva por esse único feito).
As pessoas obviamente vão pensar que tenho inveja de Mariana Ximenes. Mas a questão é muito mais grave. É questão de saúde pública. Se ainda dizem que a televisão gera a sensação de que as pessoas filmadas são mais gordas do que realmente são ("televisão engorda", dizem), imagina a Mariana Ximenes ao vivo! E aí as adolescentes e mulheres de outras idades a veem como ideal de beleza, já que ela tem mesmo aquele rosto de Barbie, ou seja, aquele padrão eurocêntrico de beleza, e integram um exército de anoréxicas que comem um único alface por dia.
Em tempo: há uma comunidade no orkut chamada "Anorexia fracassada".
No colégio em que eu fiz parte do ensino médio tinha uma menina que tinha anorexia. E elas - as anoréxicas - realmente se acham sensuais, apesar da estrutura física precária - no sentido em que mal conseguem sustentar o próprio corpo. É uma doença muito triste, pode levar à morte. E as pessoas ficam brincando com uma doença tão séria, colocando o nome de Comunidade de "Anorexia fracassada"? Isso pra mim é humor mórbido!
(E, já que estou falando numa celebridade global, conheça uma cor de esmalte que a revista Caras ainda não divulgou: http://moda-se.blogspot.com/2010/01/unhas-da-semana.html)
No colégio em que eu fiz parte do ensino médio tinha uma menina que tinha anorexia. E elas - as anoréxicas - realmente se acham sensuais, apesar da estrutura física precária - no sentido em que mal conseguem sustentar o próprio corpo. É uma doença muito triste, pode levar à morte. E as pessoas ficam brincando com uma doença tão séria, colocando o nome de Comunidade de "Anorexia fracassada"? Isso pra mim é humor mórbido!
(E, já que estou falando numa celebridade global, conheça uma cor de esmalte que a revista Caras ainda não divulgou: http://moda-se.blogspot.com/2010/01/unhas-da-semana.html)
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Mas pelo menos você fez poesia
Se eu compusesse uma valsa sem fim
Se o filtro do corpo não fosse o rim
O que seria de mim?
Uma tripa ao vento, sim
Uma lira que dobra, assim
Fora do trilho, o trem
Uma luva que nunca cai bem
E um molusco sem concha, também
Se eu fizesse trinta versos,
ao invés de cem
Meu caderno iria, como convém
desfolhar-se em blocos
caindo em flocos, em tripas
Como se já fosse carnaval
E como se por trás da máscara
houvesse um rosto líquido
e brincássemos com medo
de ser descobertos
e não soubéssemos o enredo
e se o som não fosse física
se o medo quebrasse o ritmo
ele (o medo) não estaria desfilando
na avenida suja
de fósforos e faíscas
e confetes
e enfeites
E se o desfecho
fosse um começo
ao avesso
O samba não estaria exposto
na travessa
sem rosto
sem gosto
insosso
Pra que sal,
se há purpurina?
Lembre-se da festinha
quando for setembro
e o tempo
estiver se desdobrando incessantemente
em inúmeros fevereiros
em incansáveis maços
E não houver mais habitat para as morsas
Pois a fantasia já terá se derretido
Como um picolé que nunca conseguíssemos saborear
Como se a terra fosse o mar
em pó
E quando você estiver só
A fantasia jogada a um canto
Na garganta um nó
O tédio como resquício
do samba desfolhado
A poeira brilhando no rodapé como se fosse um paetê que se descolou
O que será daquele projeto
que nunca decolou?
Só terá como sobra
os desafetos
o gosto amargo
da cerveja
a ressaca
de segunda-feira
Aquela falta de graça
do fim de férias
Estará pisoteada a bandeira
Nas ruas o cardume humano estará disperso
Como se houvesse explodido
a fissão no núcleo
E cada bolha de tédio
e cada calo no pé
e toda rotina servida
(em postas)
e sempre essa vida sem graça
(e sempre o mundo
nas nossas costas)
e nós todos num fim de mundo
no fundo do poço,
na fossa
(boiando juntos
com todas aquelas
bostas).
Se o filtro do corpo não fosse o rim
O que seria de mim?
Uma tripa ao vento, sim
Uma lira que dobra, assim
Fora do trilho, o trem
Uma luva que nunca cai bem
E um molusco sem concha, também
Se eu fizesse trinta versos,
ao invés de cem
Meu caderno iria, como convém
desfolhar-se em blocos
caindo em flocos, em tripas
Como se já fosse carnaval
E como se por trás da máscara
houvesse um rosto líquido
e brincássemos com medo
de ser descobertos
e não soubéssemos o enredo
e se o som não fosse física
se o medo quebrasse o ritmo
ele (o medo) não estaria desfilando
na avenida suja
de fósforos e faíscas
e confetes
e enfeites
E se o desfecho
fosse um começo
ao avesso
O samba não estaria exposto
na travessa
sem rosto
sem gosto
insosso
Pra que sal,
se há purpurina?
Lembre-se da festinha
quando for setembro
e o tempo
estiver se desdobrando incessantemente
em inúmeros fevereiros
em incansáveis maços
E não houver mais habitat para as morsas
Pois a fantasia já terá se derretido
Como um picolé que nunca conseguíssemos saborear
Como se a terra fosse o mar
em pó
E quando você estiver só
A fantasia jogada a um canto
Na garganta um nó
O tédio como resquício
do samba desfolhado
A poeira brilhando no rodapé como se fosse um paetê que se descolou
O que será daquele projeto
que nunca decolou?
Só terá como sobra
os desafetos
o gosto amargo
da cerveja
a ressaca
de segunda-feira
Aquela falta de graça
do fim de férias
Estará pisoteada a bandeira
Nas ruas o cardume humano estará disperso
Como se houvesse explodido
a fissão no núcleo
E cada bolha de tédio
e cada calo no pé
e toda rotina servida
(em postas)
e sempre essa vida sem graça
(e sempre o mundo
nas nossas costas)
e nós todos num fim de mundo
no fundo do poço,
na fossa
(boiando juntos
com todas aquelas
bostas).
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Desespero
"Quando existem pares é mais fácil aguentar o sofrimento (...)", Cidade de deus, Paulo Lins
Eu imaginava que eu fosse uma grotesca exceção, mas ver que muitos outros se encontram na mesma situação que eu, numa fila para requerer isenção da taxa de inscrição de um concurso, isenção só concedida aos desempregados e empregados que recebem até três salários mínimos, isso, sinceramente, aumentou o meu desespero. Não estão veiculando uma ideia de prosperidade em nosso país? E eu ainda fui acreditar...
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