NOS BECOS DA WEB...

domingo, 30 de agosto de 2009

Pai natal

Nunca acreditei em Papai Noel! Meus pais bem que tentaram, fizeram de tudo pra que eu acreditasse, mas não conseguiram. Eu já não acreditava mesmo e (depois de outras tentativas frustradas de nos enganar - a mim e ao meu irmão) quando meu pai se vestiu de Papai Noel, bem, na época não existiam tantos recursos, ele era magro e nem colocou uma almofada na barriga, e no rosto pôs uma daquelas toscas máscaras de plástico que ficam presas na cabeça por um elástico fino. Do lado da máscara dava pra ver a barba do meu pai. Eu era uma criança esperta, isso não passou despercebido por mim.
Mas meus pais me ensinaram a acreditar em Deus e nele eu acreditei. Pois bem, não é a mesma coisa? A lógica não é a mesma do Papai Noel? Uma mentira que nos contam para nos confortar. Ontem pensei nisso e senti a dureza de quem está deixando o casulo da ingenuidade. Pois quando acordamos da ingenuidade, sentimos um peso opressor. E a falta de Deus dá o peso da total responsabilidade por nossas próprias vidas também, a responsabilidade sartriana.
Essas reflexões me fizeram lembrar do livro Alegria breve, de Vergílio Ferreira, que gira em torno dessa questão do ateísmo e da aridez da vida, e tem um personagem que fala justamente do Deus da infância, ou seja, Deus é coisa de criança. Uma ideia bonita, motivadora, mas, como disse Dawkins, um delírio.
Bem, desde o meu primeiro blog do google eu demonstro essa crise religiosa, mas a verdade é que, embora pela via da razão eu tenha que concordar com Dawkins, eu tenho um "sexto sentido" que às vezes se torna muito apurado. "Deus" não estou bem certa que existe. Mas existe algo sobrenatural, sim. Eu posso senti-lo como vejo ou escuto. Existem aqueles filósofos que dizem que não podemos confiar em nossos sentidos... mas se é ilusão isso que sinto, então também é ilusão o que vejo ou o sabor que minhas papilas gustativas captam.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Escrever dá muito trabalho! Dá muito trabalho rasgar as pilhas e pilhas de bostas que escrevemos - afinal escrevo no papel antes de passar pro PC. Mas fiz um favor à humanidade hoje rasgando coisas que me envergonho de ter escrito! Como me arrependo de ter me iludido achando que faria um (ou melhor, dois) romance(s)! Pior que devo ter enviado cópia pra um amigo, que agora tem uma arma contra mim! :(

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Existir é desde sempre um constrangimento.

domingo, 23 de agosto de 2009

Histórias de meu amigo Quebec

(escrito em 21 de agosto)
Eu "juro" que ontem só usei nicotina! - além das minhas drogas-lícitas-cotidianas (Que nunca me causaram alucinação alguma!)
Bem, pelo que tenho sonhado, já tinha tido a impressão de que, enquanto meu corpo descansa, minha alma fica vagando por aí, assombrando os outros.
Mas hoje, num sonho, descobri que eu não sou a autora desse blog, que eu sou um espírito que assombra a Helena - embora eu tenha acordado Helena (Eu sou plural! - "Meu nome é legião"). Mas como foi doído descobrir que eu era eu - um mísero eu - e não a Helena - que inveja eu sentia dela enquanto eu não a assombrava! (Eu sou meu próprio fantasma!)
Bem, mas o interessante é que no próprio sonho já comecei a escrever esse post, e o título me veio assim, desse jeito, no sonho, mas óbvio que "Quebec" é fusão de Quelemén com "Cardéque", então resolvi preservar o título sugerido pelo meu inconsciente.
(Pois é! Por isso que parei de escrever! Tudo já está escrito! Fernando Pessoa já dizia que psicografava a si mesmo!)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

jardim do éden

Então eles eram naturais e inteiros e riam às gargalhadas como se a vida fosse uma recreação com prazo de validade, sobre o qual eles não estavam aptos a divagar.
Divertir-se era tudo e era como eles maquiavam a dor existencial, enganando-se a si mesmos, sem suspeitar que o inconsciente nos prega peças.
Mas seus sonhos eram límpidos e assim eles eram sempre o bebê com a teta na boca, sem a preocupação de limpar os próprios excrementos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

.a vida segue

É na testa que se sente o tédio? O tédio mineral escorrendo nuca abaixo, tépidas hemorróidas cardíacas na face empoeirada.