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sábado, 10 de outubro de 2009

Heresia

Pessoas que me conhecem costumam dizer que eu tenho a mania de falar sobre um assunto quando ele aparentemente já tinha "morrido". Confirmando o que elas dizem, vou falar de uma questão sobre a qual, embora tenha causado polêmica na época de sua eclosão, ninguém fala mais nada.

A questão é a seguinte: quando aquela menina que era estuprada pelo padrasto desde os seis anos de idade engravidou de gêmeos e, com auxílio médico, abortou, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho disse que "Roubar, assaltar e estuprar também são pecados, mas não tão graves como o aborto".

Parece que o tal arcebispo tentou concertar tal frase depois de proferida, ou então eu li em algum lugar a opinião divergente de outro arcebispo.

Só sei que a Folha de S. Paulo - que não está me pagando nada - de 8 de março - ironicamente dia da mulher - veio com excelentes cartas de leitores indignados com a frase do arcebispo e também reflexões interessantes sobre o tema em seus editoriais, às quais venho somar, ainda que tardiamente, o meu  breve depoimento:

Não duvido que mulheres possam estuprar outras mulheres, crianças (de ambos os sexos) e / ou mesmo homens, mas, se o estupro é predominantemente masculino e o aborto, (não exclusivamente) feminino - homens podem ser coadjuvantes ou mesmo protagonistas de tal ato, independente de ser a mulher a geradora -, e se a mulher, perante a Igreja Católica, vale menos que o homem, então, para ela (a I. Católica) e para uma sociedade essencialmente patriarcal, é óbvio que o aborto é muito mais grave e condenável que o estupro.

É por essa e outras razões que sou, como Saramago, a favor do direito de heresia.


Um comentário:

Coral disse...

conCertar com C mesmo!

segundo o Aurélio, concertar pode significar "ajustar"