NOS BECOS DA WEB...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

É primavera e tudo cheira a morangos silvestres, que têm mil olhinhos cítricos na essência de sua infrutescência e comem humanos com açúcar. O açúcar fica manchado de vermelho e é crocante e suja as veias arteriais formando crostas em suas paredes que atrapalham a circulação do sangue. O açúcar nos come com a insaciabilidade dos cristais cheios de sumo calcário. O açúcar é aéreo mas fixa no caule das plantas as cinzas remanescentes das fogueiras promíscuas e arejadas pelo isopor mais nobre que a galáxia litorânea situada na Faixa de Gaza, embora chocolates intrusos povoem nosso estômago derretendo-se marrons e salpiquem de tesouros as esmeraldas farfalhantes.
A fria indiferença do açúcar produz seres humanos alérgicos ao mais alto grau de isopor.

domingo, 1 de abril de 2012

Só isso

Estava tudo bem, mas a linha recrudesceu e tudo degringolou. Tudo é quando as faíscas não se contêm em si e saem pipoqueando pelos quatro ventos. A rosa é multifacetada mas suas pétalas se retorcem todas ao menor contato com o ar, que é um artefato tecnológico portátil que se desdobra em microátomos e poreja a insaciabilidade atmosférica ao menor contato com a superfície gelatinosa das manhãs saturadas de cálices do mais fino cristal que tilinta feito uma rosa, mas os espinhos pontiagudos ferem aquela lâmina borrachenta das bexigas de soprar, e aí é aquele estouro estrondoso do vácuo incontido e mudo, e o muro descasca sua tinta rezando para não rachar, mas o tubérculo brota contra todas as expectativas, desdizendo estatísticas minuciosas tecidas nos laboratórios secretos que fabricam nuvens.

Era uma vez uma besta quadrada que se arredondava nas pontas, mas esfericamente tecia-se em semicírculos improváveis de tanto teor, vaporizando-se concretamente ao encaracolar os cadarços em espirais que vão descendo milimetricamente até o cerne de magma com malte, mas a seiva só se dá quando o cosmo se retrai introspectivamente até se condensar todo numa bolha improvável de tanto suco, e aí vai espirrando aqueles ventos infrutíferos cheios de paisagens encarceradas como miolos fervidos no ventre da terra aguada e barrenta dos minerais idosos de tantos sais incrustados e vai saciando as folhas milimétricas com esponjas embutidas.