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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O mel de Manuela

Qual a arma
da tua luta?
Com que venda
te negas a ver o embuste?
Qual azeite amargo
lambuzou o leite doce
vindo das tetas do fóssil?
O sêmen frutifica espelhado
e assim o embrião já nasce com reflexo
do ego
do gozo
do Bozo
do fosco arame de prata cálida.

O mel é despejado em jarras
para deleite da turba que adora o deus mel
que só é deus porque mela tudo
colando as fotos nos fatos
desesfarelando num amálgama pastoso a farofa.

O deus mel que brotou do chifre do unicórnio
Fato que foi alardeado através de uma corneta
soprada por aquele a quem batiam punheta
no exato instante em que ele soprava a corneta
E de repente o mel foi despejado na corneta
Tendo esta se convertido em mamadeira.

É a festa do mel que tudo mela
mela a panela
mela a janela
mela a remela
e remela a Manuela.

Os elos dos brincos
já estão sem trincos.

A janela trincada é remendada com remela.

O mel que tudo mela remela a Manuela.

Um comentário:

Luis Eustáquio Soares disse...

salve, querida coral, belo poema, incisivo, marcado pela potência criativa de não ser mera criação pela criação; de não ser um poema metafísica, tão comum, embora tão divinamente melado de poetas-mel, e o é, não metafísico, porque assume a luta de classes na poesia, a única forma de escapulir da metafísica poética
beijos
luis