É espantoso que Richard Dawkins tenha dito que a crença ou a descrença sejam algo pelo qual não podemos optar. Se não podemos optar, então não há a possibilidade de conversão: um crente que leia seu livro Deus, um delírio pode ser seduzido por seus brilhantes (sem ironia) argumentos, mas, já que não pode optar, segundo o próprio Dawkins, então continuará crendo.
A não ser que cometa suicídio visual (alguém que propositalmente fure os próprios olhos, por exemplo), uma pessoa não opta por ser cega. Assim, também, talvez haja as pessoas que sejam dotadas de "sexto sentido" e as privadas dele. Então, nesse caso, realmente não podemos optar.
Enquanto vou lendo o livro, realmente vou sendo racionalmente seduzida por seus brilhantes argumentos, mas, de vez em quando uma carola dentro de mim resmunga. Como o martelo dos geólogos para John Ruskin, em sentido contrário, enquanto ele lia a Bíblia.
Segundo o espectro das probabilidades proposto por Dawkins, me defino como o tipo 3: "Tecnicamente agnóstico, mas com uma tendência ao teísmo. 'Tenho muitas incertezas, mas estou inclinado a acreditar em Deus.'"
A maioria das religiões por aí realmente agride nossa inteligência. Mas gostei de saber que Dawkins não tem tanta implicância com o budismo, o qual sempre me fascinou, embora dele conheça muito pouco. "(...) não me preocuparei nem um pouco com outras religiões como o budismo e o confucionismo. Na verdade, o fato de elas serem tratadas não como religiões mas como sistemas éticos ou filosofias de vida quer dizer alguma coisa.", diz Dawkins.
Agora, uma outra objeção que faço (se é que já fiz alguma) ao referido livro de Dawkins é que é bastante ingenuidade acreditar que o atentado às torres gêmeas do World Trade Center foi motivado por uma situação puramente religiosa. Mesmo no problema entre israelenses e palestinos, assim como a perseguição aos judeus tanto pela Inquisição quanto pelo Nazismo, em todos esses casos a questão religiosa é mero pano de fundo. Em todos eles, a questão central é de ordem econômica. É só ver o filme "Fahrenheit 11 de setembro", de Michael Moore, por exemplo. Muito provavelmente (já que Dawkins gosta de falar em probabilidade), o papel da religião nesse atentado se resume a utilizar as pessoas (os pilotos-suicidas, por exemplo) como massa de manobra, já que pode muito bem haver um conluio entre Osama Bin Laden e George Bush, como sugere Michael Moore. Afinal, o Oriente Médio, que teve dois países invadidos em retaliação ao atentado às torres gêmeas, está cheio de petróleo, que tanto interessa aos EUA. Assim, a religião é veiculada como a verdadeira causa de muitos males apenas para enganar a população, para desviá-la do que realmente interessa (assim como as próprias religiões o fazem com seus fieis): a questão econômica.