NOS BECOS DA WEB...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

aragem

No cálculo exato ele era preciso
Num porre, perdeu o incisivo
E nada ficou decidido
daquela debandada rápida:
no rapto da grávida
ele teve fome ávida
de banana batida com leite
servida no chifre de rinoceronte.

catástrofe no horizonte
no vértice era o fim.
Cada aresta pontiaguda
se esmera em chafurdar os balões.
Para quê?
para quê?

Mancha quebrada

A borra de café era inócua à sua inteligência pálida: não a amparava, corria paralelamente a uma camada fina de gelo cristal.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

E ele era do signo chinês do macaco mas uma barreira dividida de manteiga derretida



Iô, iô, iô, iô, iô, iô, io, io , io ,io iô iô iô

terça-feira, 20 de maio de 2008

F(r)icção

O que foi feito daquela garota que ontem na cafeteria passava patê com a espátula como se esta fosse um cinzel e a torrada uma escultura? Ao seu lado, sobre a mesa, o romance Frango xadrez, de Varvara Angel. Teria ela já lido a parte em que Roscardo se suicida? Como teria reagido à leitura deste episódio? A cabeça inclinada para a frente, concentrada no minucioso trabalho com o patê e as torradas, e um cacho pendendo de lado, anelando-se em espiral. Era possível ver, sob a blusa branca, um sutiã rosa claro, não tão claro, cor de batom. No chão, encostada na cadeira, uma bolsa flácida. Mas meu celular tocou e enquanto eu me concentrava na conversa, ela saiu sem que eu me apercebesse. Ela esqueceu um maço de cigarros que escorreu de dentro da bolsa que fora pousada delicadamente (eu vi, quando ela chegou) no chão. Eu nem sei seu nome, e nem fumo, mas enquanto a homenageava, à noite, em meu quarto, acendi um dos cigarros do maço esquecido.

rã coaxante

Acordou com um Às na manga: os períodos longos dos textos alheios sempre deixavam-na perdida. Naquele despertar cochilante de quem tenta escapar das brumas dos sonhos, lutava contra o sono que embaciava-lhe os olhos: onde a fonte que jorra palavras que se abre como uma janela no limiar do sono - vigília? Então havia labor com inspiração: transpiração / inspiração. Uma massa de letras orgânicas, letras expelidas como ácido úrico. Então era tudo uma questão de responsabilidade? "O galo tece a manhã". Manhã suave de bebê acordando... Busca infrutífera: melhor voltar pra cama e dormir o sono dos deuses, e permanecer na cama até que não haja mais sono, como uma paralítica que não pudesse jamais se levantar e tivesse que suportar pacientemente a horizontalidade de sua condição.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

título do blog

Pensei em "Mel com orégano". Mas permaneceria no campo gastronômico. Pensei numa infinidade de ótimos títulos, aqueles que cairiam como uma luva, que vieram à tona como chuva fina, mas não anotei nenhum e esqueci todos. Então escolhi "Troca de pele" para simbolizar essa minha nova fase. Mas o que troquei e o que é novo, isso vai ficar subentendido por quem me acompanha desde o "Queijo com chocolate". Seja bem-vindo ao meu mais novo espaço virtual!